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«O mercado é bom, é sustentável e cheio de boas oportunidades» – Coca – Cola

Depois da independência de Angola, dada a situação de conflito armado que o país vivia, facto que arrastou à inoperância, e até à destruição, muitas estruturas industriais por todo o território, a marca de refrigerantes Coca-Cola saiu do estado sólido mercantil a um estado «gasoso», sucumbindo naquela atmosfera e desapareceu totalmente do mercado nacional

Mas, ainda antes do estabelecimento definitivo da paz em 2002, já no final da década de 1990 a famosa «gasosa» voltava ao quotidiano angolano, por via da importação Foi assim, então, que nasceu a Coca-Cola Bottling, empresa que detém a exploração dessa marca em Angola

Manuel Victoriano Sumbula (MS) é o administrador Executivo do grupo que explora a marca em Angola

O Semanário Angolense teve uma conversa sobre o assunto com o homem Na entrevista, Manuel Sumbula faz um périplo pelos desafios por que passa a «gasosa» mais famosa do mundo aqui na banda e mostra as marcas do seu avanço no mercado nacional

Segundo ele, ao longo dos últimos anos, foram investidos mais de 560 milhões de dólares, abriram-se quatro fábricas que resultaram em cerca de três mil empregos directos e faz-se uma intensa aposta na formação de quadros E ainda promoveu-se outras fábricas, como a Angolatas, ajudando a estancar a importação de mais de 360 milhões de latas vazias por ano

Só faltou mesmo descobrir qual é, afinal, o segredo da fórmula da Coca-Cola

Como é que recomeça então a história da Coca-Cola em Angola, depois de tanto tempo parada?

A venda e a distribuição eram feitas de acordo com um volume que era importado da África do Sul, em 1999 Mesmo lá do porto, os contentores iam directos para o mercado

O processo de implementação da fábrica já estava a decorrer tanto é que, depois desta fase, é inaugurada, então a primeira fábrica, com uma só linha de produção, isto em 2000, em Bom Jesus (Bengo) Mas ainda havia importação, porque nós não tínhamos condições de produzir para abastecer o mercado interno

E como é que está a estrutura da Coca-Cola hoje?

Na realidade é a Coca- Cola Bottling junto com a Empresa de Cervejas Ngola São duas empresas de direito angolano, com uma estrutura composta por accionistas angolanos e estrangeiros

Desde 1997, com a aquisição dos direitos da marca de cerveja Ngola, produzindo e distribuindo- a localmente com alto nível de padrão e de qualidade Actualmente, contamos com duas fábricas de cerveja N’gola – uma no sul do país, na província da Huila (no Lubango), e uma outra em Luanda (na Funda) Com relação aos refrigerantes depois da nossa primeira fábrica, em Bom Jesus, hoje contamos com mais três fábricas, nomeadamente, uma na Huila – no Lubango, outra em Benguela – na Catumbela, e a última em Luanda – na Funda

O Grupo Valentim Amões (GVA), segundo fontes nossas, também está em vias de fabricar a Coca-Cola no Huambo Há alguma relação entre a Coca-Cola Bottling e esse projecto do GVA?

A fábrica do Huambo existe e está em pleno funcionamento, mas não há qualquer relação do ponto de vista operacional ou administrativo (com a Coca Cola Bottling) É uma unidade fabril completamente independente das nossas, e que esta licenciada pela própria Coca-Cola Company (empresa mãe) a produzir os seus produtos, tal como nós

Deu a entender que pararam de importar Desde quando, exactamente?

Nós deixamos de importar, salvo o erro, no ano antepassado Porque com o arranque da fábrica da Funda cortamos tudo que é importação A aposta nessa fábrica foi justamente para cobrir aquele défice que existia, que era coberto pela importação

E, com a actual produção, já respondem à demanda nacional?

Podemos nos considerar auto- suficientes?

Podemos nos considerar, não Somos auto-suficientes neste momento É verdade que em algumas áreas ainda não conseguimos chegar com a mesma eficiência que se chega em outras regiões, fruto das condições das estradas e do próprio acesso a elas

Onde é que está sendo mais difícil de se chegar, por exemplo?

É um pouco mais pelos lados das Lundas, no Leste Mas já há aqueles distribuidores um pouco agressivos e que vão mesmo até ao local

De onde sai o produto que abastece aquela região das Lundas?

Ou, por extensão, qual é a vossa política de distribuição?

O que nós fizemos é o seguinte

Nas regiões mais próximas das quatro fábricas fomos criando postos de distribuições Contamos, em todo país, com cerca de 15 a 16 postos, que são geridos por nós mesmos Isso para facilitar exactamente o escoamento do próprio produto Depois temos então os grossistas, os agentes, que se abastecem dos postos de distribuição

Quantos e quais sãos os itens que a marca tem cá, em Angola?

São quatro marcas de refrigerantes e vários sabores Nomeadamente a coca-cola (anormal, a light e a zero), a Sprite, a Fanta (de laranja, maça, ananás, maracujá e a fanta exótica) Também produzimos e comercializamos a youki (com sabores coco pina; granadina, laranja e lima)

Houve sempre aquela curiosidade, aquele enigma, em torno da coca-cola, quanto a sua essência Além de mais, acaba de citar refrigerantes de outros sabores

Afinal, de onde vem a matéria-prima principal dessas bebidas?

Esse é um processo que é gerido definitivamente pela Coca- Cola «mãe» Nós temos a responsabilidade é de engarrafar o produto Nós criamos as fábricas e criamos a logística Mas, o produto principal do refrigerante, que chamamos de concentrado, compramos da Coca-Cola «mãe» Com esse concentrado, mais o açúcar, a água e outras matérias – primas…

fizemos a mistura e sai, então, o produto final

Então, que matérias da indústria nacional, fazem parte do universo de produção da coca-cola?

Antes, toda matéria-prima usada vinha de fora Mas hoje o quadro está a mudar São adquiridos localmente as paletes de madeira, as grades e as caixas para refrigerantes e cervejas

Como há uma certa exigência, por parte da Coca-Cola, em relação aos padrões, está a fazer-se um trabalho preliminar referente a essas garrafas A Vidrul já tem feito algumas amostras e, penso, que a partir dos primeiros meses deste ano esta preocupação estará ultrapassada Também nos orgulha bastante o recente arranque da fábrica de latas para refrigerante, em Viana, a Angolatas Pretendemos comprar a produção desta fábrica Importávamos cerca de 368 milhões de latas por ano

A Angoplástico nos fornecesse o plástico Uma outra iniciativa bastante importante, que estamos a olhar de forma ansiosa, é a produção local de açúcar por parte do projecto Biocom, na província de Malanje

A Coca-Cola importa cerca de 40 mil toneladas, por ano, de açúcar para produção de refrigerante

Pretendemos deixar de importar tais quantidades Estamos a manter já contactos com a direcção da Biocom no sentido de ver a qualidade do açúcar usado no nosso processo de produção e a forma como este produto vai chegar até nós para que, assim que a fábrica arrancar, estejam criadas as condições necessárias para que deixemos de importar e passemos a comprar o açúcar localmente â–